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'Suicídio é um problema de saúde pública', diz psicólogo de MG
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Durante todo o mês, várias ações foram realizadas nas cidades do Centro-Oeste de Minas para conscientizar as pessoas e prevenir o suicídio dentro da campanha "Setembro Amarelo". O  G1  conversou com os psicólogos Eduardo Lucas e Cristiane Santos, que falaram sobre prevenção e possíveis causas.

Setembro foi escolhido como mês de prevenção ao suicídio a partir de dados da Organização Mundial de Saúde (OMS). A campanha, criada pela Associação Internacional de Prevenção do Suicídio, existe desde 2014 e entrou na agenda nacional do Ministério da Saúde.

"Considero que este tema precisa ser abordado da forma correta. Divulgar a prevenção do suicídio é bem diferente de exposição de pessoas que se suicidam", disse Cristiane.

O psicólogo e psicanalista Eduardo Lucas defende que o suicídio é considerado um problema de saúde pública. “É um problema de saúde pública em decorrência do número de registros. Defendo sempre que precisamos falar desse assunto, muitas vezes cercado de uma série de tabus que acabam maqueando a gravidade e a seriedade do problema", destacou.

De acordo com Eduardo, as possíveis causas do suicídio têm relação com algum sofrimento existencial que a pessoa não consegue suportar. “A pessoa não consegue perceber saída e elege o matar-se a si mesmo, algo danoso e sem volta. Por trás desta insuportabilidade pode-se encontrar perdas amorosas, de esperança, de familiares, de emprego ou fortes manifestações depressivas, impulsivas, que aderidas à angústia podem causar danos terríveis", afirmou.

Qualquer pessoa pode ser acometida por pensamentos suicidas. “Momentos obscuros, de extremo sofrimento, coloca em questão se continuar a viver é válido. Esta questão de buscar acabar com a vida não tem idade, não tem classe social, não tem cor, tampouco sexo e formato. A morte em momentos de desmedido sofrimento, perante o insuportável, é pensada como possibilidade única de saída”, explicou.

Cristiane explicou que, além de atentar para possíveis atos suicidas, é preciso utilizar medidas após a tentativa, no intuito de evitar novos atentados. "De acordo com a Associação Brasileira de Psiquiatria, a tentativa prévia de suicídio é o maior fator preditivo isolado, ou seja, pessoas que tentaram suicídio previamente têm de cinco a seis vezes mais chances de tentar suicídio novamente. O cuidado e manejo pós-tentativa é fundamental", analisou.

A psicóloga explicou que é necessário tentar auxiliar a pessoa a mudar essa visão de si mesma e que tratamentos podem orientar a família e pessoas próximas. "Ainda reforço que a fala aponta atos, aproveitem enquanto é tempo e falem disso mais abertamente, indicando tratamento e ajuda", completou Eduardo.

Programas de atenção
Para Cristiane, o suicídio é o desfecho de uma doença física ou mental que deve ser abordada e cuidada em todos os serviços de saúde. Segundo ela, há ações isoladas e a discussão sobre o suicídio tem aumentado, principalmente nos serviços públicos e nas instituições de ensino superior.

"Um exemplo é o seminário realizado na Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG) de Divinópolis. Mas tais ações ainda são insuficientes para o alcance necessário. Também há a iniciativa de implantação de um Centro de Valorização da Vida (CVV) na região, que presta apoio emocional e prevenção do suicídio, atendendo voluntária e gratuitamente todas as pessoas que querem e precisam conversar, sob total sigilo por telefone, email, chat e Skype 24 horas, todos os dias", afirmou.

Ela explicou que a diretriz é de que todos os profissionais sejam capacitados para abordar esse problema, sabendo como manejar os casos, para onde encaminhar e como orientar os amigos e familiares da pessoa em sofrimento físico e mental. "Essa formação da rede de atenção e dos profissionais está em construção e dever continuar cotidianamente, não devendo se restringir ao Setembro Amarelo", destacou.

Para Eduardo, ainda é preciso encarar o tema de forma aberta e com cuidado. "A clínica aponta que há sim vida após a idealização e planejamento suicida, mas para isto é preciso encarar o tema com ética. Quebrar este tabu é necessário. Pela fala se descobre muita coisa da vida e se acolhe sofrimentos", analisou.

Programação no Centro-Oeste
O próximo evento sobre o tema será no dia 29 em Itaúna, no Teatro Sílvio de Mattos, a partir das 13h. O objetivo é reunir profissionais em uma roda de conversa aberta ao público.

 

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